UNHA MANDA DE ADELA FIGUEROA E CELSA SÁNCHEZ PARA ISAAC DÍAZ PARDO


As biólogas Adela Figueroa Panisse e Celsa Sánchez Vázquez gustaron de nos traer unha súa manda para honrar a memoria de Isaac Díaz Pardo. O título da súa composición é A derradeira conversa, cuxo texto foi composto por Adela e a fermosa e simbólica ilustración por Celsa Sánchez Vázquez. A este respecto, a primeira das autoras sinala que "esta obra pretende recrear a última vez que vimos a Isaac, com quem mantinhamos fonda e longa amizade de muitos anos. Quer por ter eu participado nos diversos Encontros de Geologia do Noroeste Peninsular, organizados no Castro. Do Laboratorio Xeolóxico de Laxe e com Isidro Parga . Quer por diversas atividades em que ele sempre ajudou .Isaac recolheu no Castro todo o material valiossisimo do trabalho de Dom Isidro Parga Pondal feito em Laxe, durante todos seus anos de exilio interior. Este material figura agora na Universidade da Corunha salvado e organizado por Joan Ramom Vidal Romani (antiguo secretário de Laboratorio Xeolóxico de Laxe) que creou o Instituto Xeolóxico para protege-lo e utiliza-lo nas investigações Geologicas de Galiza. 

No Castro celebraramos varias jornadas de Ensino da ASPG da qual fora secretária. Nunca poderemos pagar a Isaac a sua dedicação, sua entrega e a eficacia do seu trabalho por Galiza".

Velaquí o relato.

A DERRADEIRA CONVERSA

Mulher árvore, abraçada por Isaac, Celsa e 
Curra em quanto voan á nossa volta as 
Terras da Galiza feitas arte de formas e cores 
(Ilustração de Celsa Sánchez Vázquez)
Os livros aguardavam nas prateleiras. Esperavam a mão amiga e o alento amoroso que lhes dixesse bom dia. Aguardavam por mais uma esperança.

Que noutrora fora feita de terra, de água, de ar e de fogo. Os livros sabiam conjugar todas as declinações do espírito irrequieto de seu patrão.

E os elementos substanciais, Terra, Água, Ar e Fogo sabiam que um dia o pequeno grande homem, iria lhes dar vida em conjunção ligando-os uns aos outros nas Formas da Arte que somente os deuses e as deusas têm nas suas cabeças.

Um dia uma moça portuguesa, sobrinha de Rosa Ramalho, contoume que as figuras que lá se pariam nas cozeduras de terra, água, fogo e vento, levavam as formas que estavam na cabeça das gentes. Eram a expressão da memoria coletiva da aldeia.

-Isto está na memoria das gentes.

A mulher velha que assinava R.R, olhando para a sobrinha neta, acenava afirmativa com a cabeça e a nova explicava-o mostrando músicos de coloridos fardos, trompetas, buguinas e cabras prenahadas.

A última vez que vimos a Isaac estava no sagrado lugar do Castro onde as formas e os livros agasalhavam sua figura miúda e frágil. Embora ser aquele lugar seu derradeiro refugio, parecia brincar com todas elas sorrindo com sua ironia inteligente e fazendo-as voar na estância modesta. As formas vivas, participaram da nossa conversa. Ora levava-as a meio dos livros das estantes ora as fazia entrar na sua mente. Ora dançavam para ele mostrando sua original estética. Riam connosco ledas e brincalhonas, orgulhosas de serem o resultado criativo em que Isaac juntara os quatro elementos primordiais com os pensamentos de Seoane , de Maside, Castelao, Maruja Malho e de tantas outras inteligências galegas, a seus sonhos, para criar um Laboratório de Formas. Ideia genial que conseguiu aportar valor acrescentado ás terras galegas do Castro de Samoedo e de Sargadelos. Caulinos gerados no lume interior da Terra. Na gestação primigénia das câmaras magmáticas, de pureza inigualável. Terras de Burela que iam virgens para Sevres ou Limoges conseguiram pola sua mão,ficar na Galiza para serem moldadas e desenhadas polos máximos génios criativos do País. E dançou para nós a costureira ambulante que outrora fora apenas pó branco e o Santo André milagreiro remava para arribar a serra da Capelada e , com sua escada de maravilha sobrir até o santuario polas talhadas paredes impossíveis de Teixido nas terras de Ortegal. Pratos, baixelas, marinheiros, labregos e ainda a República Espanhola, tomaram forma do dedo criador de Isaac como uma alba de Gloria feita da memoria das gentes.

Uma memoria que se teria perdido no inconsciente coletivo. Mas, por sua intervenção foi honrada e glorificada na criação do arte galego. As figuras e os livros nos contaram de seus trabalhos duros e persistentes na tarefa de reconstruir uma estética galega. Aquela que estava na memoria das gentes. Eles e elas falavam contradizendo ao seu inventor que se definia como um operário pisa-m...

-Não,não não! Ele não é tal. Ele foi o nosso criador!,diziam-nos desde as prateleiras os livros que resgatavam a Memoria Histórica da cruel guerra civil da Espanha. E a repressão que lhe seguiu por mais de 40 anos.

Eu vi de esguelho, a figura de meu mestre Dom Gregório, como “Um de tantos“ sofredores daquele silencio, sacando a medias o corpo dentre as paginas de seu livro. Acenava-me com a mão enviando uma aperta virtual para Isaac. Sumiu e foi dançar com o Piloto e com Isabel Rios a dança alegre da memoria recuperada.
Balbino brincou da mão de seu pai Neira Vilas e choscando-nos um olho disse que para um ninguém já bastava ele. E deu um muito obrigado aéreo e eterno para Isaac.

As poesias cantavam:

    Não lhe fazer caso,
    caso não lhe fazer.
    Ele foi grande e único
    ele deu-nos nosso prazer
    de podermos contar-vos historias contos e amores
    e ainda o canto dos reis-senhores.

E puxavam por saírem dentre as folhas de papel e dos sentimentos.
Disso nada, cantavam as imagens encerradas nos livros de arte galega.

    Tu nos deste a cor
    tu nos deste a forma
    levaste-nos polo mundo
    conhecemos muita gente.
    Galiza ficou pintada
    e encantada
    entre as linhas simples da tu elegância permanente

E os contos e os romances opunham-se ao seu mestre queixandose do pouco que ele se valorava.

Vinham a nós voando no vento da memoria, os Versos de Pretérito Imperfeito e do “nosso” Futuro Condicional junto com a Teoria de Eva e a compilação de Teatro Galego de Ricardo Carvalho Calero.

(Outro vulto sofredor coma ti, Isaac)
E, ainda, Isidro Parga Pondal e quis dançar com Isaac a dança das pedras e das formas do relevo Galego. Mostrando-nos seu Mapa Geológico de Galiza dizia, “Esta é uma boa Terra. Somente há que saber andar por ela.”
Deu um chimpo voando sobre o “Laboratório Xeoloxico de Laxe”.

E, ainda, o mar bruava agradecido:
Nunca Mais!, dizia
com seu falar de escuma e seus peixes de prata.
Mas Isaac ria e falava e mesmo admirava-se de que nós tivéssemos conseguido sacar do prelo aquela obrinha de contos de árvores e mulheres.
Um gesto de neno rebuldeiro e algo traste agromou no seu sorriso.
-Sodes bem listinhas, disse ao lhe dar a volta a capa.
Ria connosco com camaradagem e cumplicidade.


O derradeiro livro. Mistério da escada interior
Ainda conseguíramos tirar um outro livro com o selo do Castro e da Imprenta Moret, “ O Mistério da Escada Interior” Uma obra de teatro para crianças. Creio que foi o derradeiro livro com ISSBN da Editorial o Castro. Ele já não o deu visto.
Caro Isaac, teus livros e todo o enxoval que repartiste por esses mundos fora, guardar irão por sempre a memoria da tua prodigiosa mente.
As formas que criaste junto com Seoane perdurarão na memoria coletiva da gente da Galiza agradecida e orgulhosa de ter sido tu um de seus filhos.

A VISITA


Celsa com Isaac Díaz Pardo no dia que lhe levamos
o livro Madeira de Mulher
Curra con Isaac no dia que lhe levamos Madeira de Mulher






Comentarios

  1. Grazas, Adela e Celia.
    Que luxo poder contar con Ediciós do Castro.
    Semellaba mellor país cando Isaac mantiña as empresas en pé. É que felicidade pérdida, poder falar de empresas, desta maneira.

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  2. Grazas!!! Que xeitoso e que bonitiño todo o que facedes!! Sempre a Ciencia da man da Arte e da Filoloxía...Sodes as mellores!!! Belísimas!!!

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  3. Canta grandeza arrodea a Isáac. Canto sentir colectivo e intimo, xunguido a súa inmorredoira figura. Parabéns, Curra e Celia.

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